Lei Anticrime e o banco de dados genéticos: a expansão da vigilância e a falta grave na execução penal

Autores

  • Hélio Peixoto Júnior USP
  • Lívia Yuen Ngan Moscatelli UFMG

DOI:

https://doi.org/10.46274/1909-192XRICP2021v6n1p252-280

Palavras-chave:

Pacote Anticrime, Banco Nacional de Perfis Genéticos, direitos fundamentais, prisão

Resumo

O presente artigo busca analisar os impactos da Lei Anticrime na consolidação do Banco Nacional de Perfis Genéticos no Brasil. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, serão tensionadas algumas questões relacionadas ao uso da prova de DNA no direito pátrio e estrangeiro, à inserção da nova hipótese de falta grave em face do apenado que se nega a realizar o procedimento de identificação genética e ao aumento da vigilância estatal em face dos indivíduos.

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Publicado

17-07-2021

Como Citar

PEIXOTO JÚNIOR, H. .; MOSCATELLI, L. Y. N. . Lei Anticrime e o banco de dados genéticos: a expansão da vigilância e a falta grave na execução penal. Revista do Instituto de Ciências Penais, Belo Horizonte, v. 6, n. 1, p. 252–280, 2021. DOI: 10.46274/1909-192XRICP2021v6n1p252-280. Disponível em: https://ricp.org.br./index.php/revista/article/view/44. Acesso em: 23 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos