Caso Boate Kiss
lições de um maxiprocesso criminal
DOI:
https://doi.org/10.46274/1809-192XRICP2023v8n1p69-90Palavras-chave:
caso Boate Kiss, maxiprocessos, megaprocessos, processo penal, reforma legislativaResumo
O texto é resultado de projeto de pesquisa dedicado a apurar o fenômeno dos maxiprocessos criminais na realidade brasileira. O seu primeiro objetivo é analisar se o Caso Boate Kiss se ajusta a esse fenômeno, em razão da divergência conceitual presente na doutrina. O segundo objetivo é analisar as inovações e problemas verificados ao longo da tramitação desse processo, limitando-a à data da publicação da sentença condenatória, em 10 de dezembro de 2021. Como metodologia, a pesquisa adere à abordagem qualitativa, de natureza aplicada, com objetivo explicativo e com procedimento bibliográfico, documental e de estudo de caso. A discussão teórica se dirige a averiguar se o processo Caso Boate Kiss configura um maxiprocessos criminal. Como conclusões, aponta-se a adequação desse caso ao conceito de maxiprocesso criminal e a necessidade de alteração legislativa para uma melhor regulação dos maxiprocessos às exigências de um processo célere e justo em âmbito criminal.
Referências
ALBUQUERQUE, Paulo Pinto de; CARDOSO, Rui; MOURA, Sônia (Org.). Corrupção em Portugal. Avaliação Legislativa e Proposta de Reformas. Lisboa: Universidade Católica, 2021.
ALFONSO, Roberto. Introduzione. Il Fenomeno del “Pentitismo” e il Maxiprocesso. In: TINEBRA, Giovanni; ALFONSO, Roberto. CENTONZE, Alessandro. Fenomenologia del Maxiprocesso: Venti Anni di Esperienze. Milano: Giuffrè Editore, 2011. p. 1-13.
ALMEIDA, Joaquim Canuto Mendes de. A contrariedade na instrução criminal. São Paulo: Saraiva, 1937.
ALVES, Rogério. O ato de julgar no século XXI ou a trilogia acusação, defesa, resultado, no mundo dos megaprocessos. Revista Teoria e História, Lisboa, número especial, p. 80-92, 2018.
ANDRADE, Mauro Fonseca (org.). Código de Instrução Criminal Francês de 1808. Curitiba: Juruá, 2008.
ANDRADE, Mauro Fonseca. O conceito jurídico de maxiprocesso criminal. Revista do Instituto de Ciências Penais, Belo Horizonte, v. 7, n. 1, p. 73-94, 2022. DOI: 10.46274/1809-192XRICP2022v7n1p73-94.
AQUINO, Álvaro Antônio Sagulo Borges de. A função garantidora da pronúncia. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.
ARLACCHI, Pino. Il Processo. Milano: Rizzoli, 1995.
BOLDT, Raphael. Maxiprocessos criminais, corrupção e mídia: uma análise a partir da operação lava jato. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 6, n. 3, p. 1209-1237, 2020. DOI: 10.22197/rbdpp.v6i3.385.
CALVO FILHO, Romualdo Sanches; SAWAYA, Paulo Fernando Soubihe. Tribunal do Júri. Da Teoria à Prática. Cambuci: Suprema Cultura, 2003.
FACCINI NETO, Orlando. Qual Júri para os Próximos Oitenta Anos? In: MADEIRA, Guilherme. BADARÓ, Gustavo; CRUZ, Rogério Shietti. Código de Processo Penal. Estudos comemorativos aos 80 anos de vigência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021. V. 2, p. 449-462.
FASSONE, Elvio. Esperimenti ed Esperienze nel Corso dei Primi Maxiprocessi: il Maxiprocesso di Torino. In: TINEBRA, Giovanni; ALFONSO, Roberto. CENTONZE, Alessandro. Fenomenologia del Maxiprocesso: Venti Anni di Esperienze. Milano: Giuffrè Editore, 2011. p. 43-52
FERRAJOLI, Luigi. Derecho y Razón. Teoría del Garantismo Penal. 5. ed. Trad. de Perfecto Andrés Ibañez, Alfonso Ruiz Miguel, Juan Carlos Bayón Mohino, Juan Terradillos Basoco e Rocío Cantarero Bandrés. Madrid: Trotta, 2001.
FRANÇA. Code d’Instruction Criminelle. In: Codes de L’Empire Français. Paris: Deuxiéme, 1811.
FREIRE JÚNIOR, Américo Bedê; DEZAN, Willy Potrich da Silva. Delação Premiada e Direitos Fundamentais do Sujeito Passivo da Persecução Penal a partir da Regulação Constante na Lei 12.850/2013. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 42-67, 2017. DOI: 10.12957/redp.2017.27822.
FRIGERIO, Gianstefano. O Outro Lado da Operação Mãos Limpas. Tradução de Cláudio Maltese. São Paulo: Maltense, 1994.
FUX, Luiz. Aplicabilidade do Código de Processo Civil ao Direito Processual Penal. In: MADEIRA, Guilherme. BADARÓ, Gustavo; CRUZ, Rogério Shietti. Código de Processo Penal. Estudos comemorativos aos 80 anos de vigência. São Paulo: Revista dos Tribunais, v. 1, 2021. p. 241-262.
GALLO, Carlos Alberto Provenciano. Juizado de instrução francês: subsídios para sua adoção pelo Direito brasileiro. Revista de Informação Legislativa, Brasília, a. 17, n. 68, p. 169-178, out./dez. 1980.
GIORDANO, Alfonso. Il Maxiprocesso Venticinque Anni Dopo: Memoriale del Presidente. Acireale: Bonanno, 2011.
GONÇALVES, Rodrigo Machado; SANTORO, Antonio Eduardo Ramires. A Criação de “Zonas de Interseção Normativa” pelo Ministério Público: um Instrumento de Lawfare Político para Legitimar a Sua Investigação Preliminar Direta e a Transigência sobre a Pena nos Acordos de Colaboração Premiada. Direito Público, Brasília, v. 17, n. 92, p. 84-99, 2020. Disponível em: <https://www.portaldeperiodicos.idp.edu.br/direitopublico/article/view/3604>. Acesso em: 19 mai. 2023.
GRASSO, Piero. Il maxiprocesso di Palermo. Storia e ricordi. In: CICONTE, Enzo; FORGIONE, Francesco; SALES, Isaia (Org). Atlante delle Mafie. Storie, economia, società, cultura. Soveria Mannelli: Rubbertino, 2012. p. 283-297.
JUDGE, Brendan. No Easy Solutions to the Problem of Criminal Mega-Trials. Notre Dame Law Review, Indiana, v. 66, n. 1, p. 211-240, 1990. Disponível em: <http://scholarship.law.nd.edu/ndlr/vol66/iss1/6?utm_source=scholarship.law.nd.edu%2Fndlr%2Fvol66%2Fiss1%2F6&utm_medium=PDF&utm_campaign=PDFCoverPages>. Acesso em: 19 mai. 2023.
LIMA, Sebastião Rodrigues. Do juizado de instrução. Revista de Informação Legislativa, Brasília, a. 17, n. 65, p. 179-200, 1980.
MACRÌ, Carlo. ’Ndrangheta, giudice incompatibile: subito rinviato il maxi processo contro i clan. Corriere della Sera, 13 jan. 2021, Cronache. Disponível em: <https://www.corriere.it/cronache/21_gennaio_13/ndrangheta-giudice-incompatibile-subito-rinviato-maxi-processo-contro-clan-735f2458-55a0-11eb-a877-0f4e7aa8047a.shtml>. Acesso em: 19 mai. 2023.
MALAN, Diogo. Megaprocessos criminais e direito de defesa. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, a. 27, v. 159, p. 45-67, 2019
MARAFIOTI, Luca; FIORELLI, Giulia; PITTIRUTI, Marco. Maxiprocessi e processo “giusto”. In: BARGI, Alfredo (Org.). Il “doppio binario” nell’accertamento dei fatti di mafia. Torino: Giuappichelli, 2013. p. 653-690.
MARQUES, José Frederico. O Júri no Direito Brasileiro. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1955.
MATTA, Paulo Saragoça da. Megaprocessos – fatalidade, estratégia, oportunismo? In: ALBUQUERQUE, Paulo Pinto de; CARDOSO, Rui; MOURA, Sônia (Org.). Corrupção em Portugal. Avaliação Legislativa e Proposta de Reformas. Lisboa: Universidade Católica, 2021, p. 448-464.
MAZZENZANA, Sarah. Il Maxiprocesso di Palermo. Rivista di Studi e Richerca sulla Criminalità organizzata, Milano, v. 2, n. 1, 177-169, 2016. DOI: 10.13130/cross-6975.
NEUPAVERT ALZOLA, Mario. Las Dilaciones Indebidas en los Macroprocesos Españoles: uma visión jurisprudencial a través de la STS 507/2020, de 14 de octubre. Revista Electrónica de Estudios Penales y de la Seguridad, Cádiz, n. 7, p. 1-15, 2021. Disponível em: <https://www.ejc-reeps.com/Neupavert.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2023.
PENTEADO, Fernando Martinho de Barros. A Decisão de Pronúncia como Filtro Processual: requisitos formais e critérios de efetividade. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, a. 15, v. 22. n. 2, p. 268-301, mai.-ago. 2021. DOI: 10.12957/redp.2021.50523.
PRATES, Fernanda. Práticas de interceptação e os riscos do modelo de “megajustiça”. In: SANTORO, Antonio Eduardo Ramires; MADURO, Flávio Mirza (Org.). Interceptação telefônica: os 20 anos da Lei nº 9.296/96. Belo Horizonte: D’Plácido, 2016. p. 175 ss.
PRATES, Fernanda; BOTTINO, Thiago. Megaprocessos e o exercício do direito de defesa: uma abordagem empírica. Revista Brasileira de Ciências Criminais, São Paulo, a. 27, v. 162, p. 145-170, 2019.
REZENDE, Caroline Gaudio. O Contraditório (ou a sua Ausência) no Musterverfahren Brasileiro. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, v. 13, n. 13, p. 102-125, 2014 Disponível em: <https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/redp/article/view/11916>. Acesso em: 19 mai. 2023.
RIO GRANDE DO SUL. 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre. Processo nº 001/2.20.0047171-0 (CNJ 0047498-35.2020.8.21.0001). Ministério Público e outros. Juiz-Presidente: Orlando Faccini Neto.
SALVATORE, Lupo. 1986. Il maxiprocesso. Milano: Laterza, 2012.
SANTORO, Antonio Eduardo Ramires. A imbricação entre maxiprocessos e colaboração premiada: o deslocamento do centro informativo para a fase investigatória na Operação Lava Jato. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 81-116, 2020. DOI: 10.22197/rbdpp.v6i1.333.
SARAGOÇA DA MATTA, Paulo. Megaprocessos – fatalidade, estratégia, oportunismo? In: ALBUQUERQUE, Paulo Pinto de; CARDOSO, Rui; MOURA, Sônia (Org.). Corrupção em Portugal. Avaliação Legislativa e Proposta de Reformas. Lisboa: Universidade Católica, 2021. p. 448-464.
SARAGOÇA DA MATTA, Paulo. Política e Corrupção. Branqueamento e Enriquecimento. Regime Político, corrupção, branqueamento de capitais e enriquecimento ilícito. Megaprocessos e justiça constitucional criminal. Lisboa: Chiado, 2015.
SOLETO MUÑOZ, Helena. Macrojuicio por terrorismo: problemática procesal del enjuiciamiento de los ataques terroristas de 2004 en Madrid. Revista Internacional de Estudios de Derecho Procesal y Arbitraje, Madrid, n. 2, p. 1-32, 2016. Disponível em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/6152297.pdf>. Acesso em: 19 mai. 2023.
TORNAGHI, Hélio. Formas do Processo Penal. Separata da Revista Verbum, Universidade Católica. Rio de Janeiro, t. XVI, fascículo 2-3, p. 181-196, 1958,
TINEBRA, Giovanni; ALFONSO, Roberto. CENTONZE, Alessandro (Org.). Fenomenologia del Maxiprocesso: Venti anni di esperienze. Milano: Giuffrè, 2011.
VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. A Flexibilização Procedimental na Justiça Criminal: os impactos do CPC/2015 e as distintas premissas do processo penal. Novos Estudos Jurídicos, Itajaí, v. 25, n. 2, p. 388- 399, 2020. DOI 10.14210/nej.v25n2.p388-399.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Revista do Instituto de Ciências Penais
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.